Farret, Bisogno, Burmann e a disputa que se avizinha no PDT

Claudemir Pereira

Farret, Bisogno, Burmann e a disputa que se avizinha no PDT

Foto: divulgação

José Haidar Farret é uma legenda da política da boca do monte. O decano dos decanos, entre aqueles que ocuparam cargos eletivos na cidade. Vereador, prefeito duas vezes, oito anos como vice-prefeito, deputado estadual.

Até poucos anos atrás era claramente identificado como político conservador, notório e influente integrante da falecida Arena, partido de sustentação do regime militar – só suplantado, quem sabe, pelo nome nacional ostentado pelo falecido Nelson Marchezan. Adiante, no PDS e por fim no PP afirmou-se como figura de proa.

De seis anos para cá, desde que destoou e por fim se retirou do Progressistas, por preferir apoiar a dobradinha Fabiano Pereira (PSB)/Magali Marques da Rocha (MDB), e que seria derrotada por Jorge Pozzobom e Valdeci Oliveira, que foram ao segundo turno no pleito municipal de 2016, passou a jogar no time dos independentes.

Se vinculou ao PSB em Itaara, por exemplo, na eleição de 2020, apoiando Silvio Weber. E, suprassumo da ruptura ideológica de uma vida, apoiou e, mais que isso, fez campanha aberta para os petistas em 2022, notadamente aos candidatos a deputado Valdeci Oliveira e Paulo Pimenta.

Por que todo esse nariz de cera, esse prolegômeno estendido, esse simplificado histórico de um político da estatura de José Farret? Porque, neste preciso momento, por exemplo, ele faz mais um movimento na sua militância política. Como mostra a foto que ilustra esta nota, acompanha o pedetista Marcelo Bisogno nas andanças dele pela cidade em busca de fortalecimento político próprio e do PDT, cuja Comissão Provisória preside.

Sim, senhoras e senhores, gente daqui, de lá e d’acolá, militantes de todos os gêneros, se avizinha celeremente mais uma grande disputa interna no pedetismo santa-mariense. E que desembocará, por certo, em meados de 2024, que, como se sabe, está ali na esquina. E que determinará, mais que uma hegemonia ocasional na agremiação fundada pelo falecido Doutor Leonel, um rumo a ser seguido na disputa municipal.

Que se diga, é uma disputa política, e não pessoal. Mas que tem personagens. Um é Marcelo Bisogno, agora com a chancela do supra-historiado Farret. Outro é o ex-reitor da UFSM, Paulo Burmann, recém batizado pela urnas, e que tem a escorá-lo também o apoio aparente da vereadora Luci Duartes e outros militantes ligados à Universidade.

Como terminará essa disputa (e não adianta negá-la, tamanha a evidência) não se sabe. A tradição pedetista das últimas décadas em Santa Maria indica rupturas. Não raro com cancelamentos permanentes. Mas se tudo isso que ocorre e ainda virá se transformar apenas em escoriações, talvez o partido se renove e se erga, altaneiro. Talvez.

Orientação do “cara” pode garantir Valdeci candidato

Foto: arquivo Diário

O governo federal recém está começando. É um amplo espectro com pelo menos nove partidos assentados no primeiro escalão e espaço para mais siglas no segundo e terceiro potes da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. No grupo do andar de cima, um santa-mariense, Paulo Pimenta. E todos, rigorosamente todos, além de pensar na gestão, base de qualquer projeto de futuro, também elaboram desde já as estratégias para que o poder se mantenha nas mesmas mãos.

Dentro desse raciocínio (que também preside os atos das oposições em geral e nos variados níveis, inclusive municipal) é que se coloca a candidatura petista em Santa Maria para a sucessão de Jorge Pozzobom. Que, como se sabe, almeja um terceiro mandato – agora pela cara de Rodrigo Decimo, o ungido para representar o projeto de governo vigente.

Mas, e o PT, principal partido de oposição no município? Um passarinho contou que Brasília (leia-se “o cara”) passou a orientação geral: no pais inteiro, os petistas devem colocar “os mais competitivos quadros” a concorrer no pleito de 2024. É o que prevê o petismo nas cidades, vistas como alavanca para qualquer projeto de poder no pós-Lula ou, embora menos provável, no “com-Lula” em 2026.

Se a orientação for de fato seguida, e no PT invariavelmente isso acontece, é melhor se preparar para ver na campanha o deputado Valdeci Oliveira. Por todos tido exatamente aquilo que o Presidente vê: o mais competitivo do partido para a disputa municipal.

De modo que já há gente trabalhando a cabeça do deputado presidente da Assembleia Legislativa, num momento inicial refratário à ideia. Publicamente nada disse. Mas também não desdisse. Logo…

Schirmer, sim, agora é definitivo, deixa de influenciar o MDB daqui

Ex-prefeito Cezar Schirmer declarou em seu Twiiter que apoiará o deputado estadual. Foto: Arquivo

Se havia alguma dúvida, e até algumas lágrimas, melhor recolhê-las: Cezar Schirmer, definitivamente, deixou de ser minimamente relevante na política interna do MDB santa-mariense. Seu domínio de décadas se esvaiu. E, que se diga, ele próprio agiu nesse sentido – tanto que os bolsões schirmistas por cá são pra lá de reduzidos, confinados numa ou noutra liderança. E só.

Mas por que agora é permanente? Após transferir-se para a capital, tornar-se vereador e depois secretário e de novo vereador, tudo em dois anos, é outra vez titular de uma pasta no governo municipal da capital. Abriu caminho, inclusive, para que o suplente Pablo Melo, filho do prefeito Sebastião Melo, vire titular. E isso depois de, para tristeza de muitos emedebistas históricos locais, ter apoiado Jair Bolsonaro no segundo turno presidencial.

Aliás, cá entre nós… Embora talvez tivesse alguma vaidade de seguir influenciando, o fato é que Schirmer passou a ter sua vida política em Porto Alegre. Logo, seus apoiadores locais se adaptam (o que estão fazendo, aliás) ou se mudam para a capital. Né?

Luneta

OS DINDOS E…

Não são poucos os militantes locais e da região a sonhar com cargo de confiança federal ou estadual em Santa Maria, Porto Alegre ou Brasília. Todos de olho no que farão os grandes dindos políticos da boca do monte e do centro gaúcho. No caso, o secretário estadual de Assistência Social, Beto Fantinel (MDB) e o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta.

…OS AFILHADOS

Pelo que foi possível apurar, passada menos de semana da posse de Pimenta (lá) e Fantinel (cá), afora a realocação dos então assessores dos deputados do PT e do MDB, que seguem, haverá no máximo dois santa-marienses sentando praça na capital federal, além do já confirmado Ricardo Blattes, no Ministério da Justiça, e um em Porto Alegre. Este último ainda dependeria de negociação não exatamente fácil.

DOIS SUPLENTES

Situação curiosa acontece na bancada gaúcha do PT na Câmara dos Deputados. Dois suplentes vão ocupar o lugar de Paulo Pimenta, licenciado para ser ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social. Um da legislatura em vigor, Marco Maia, ficará apenas até 31 de janeiro. Outra, a cientista social Reginete Bispo, assume a partir de 1º de fevereiro, quando começa a próximo período parlamentar.

O LÍDER

Condição inusitada é a que vive a bancada do MDB santa-mariense na Câmara. Por conta da formação proporcional da Mesa Diretora, dois edis da sigla fazem parte dela. Um eleito pela “situação”, Adelar Vargas; outro pela “oposição”, Tubias Callil. Ambos suplentes, aliás. Desta maneira, e não que não mereça, caiu no colo de Rudinei Rodrigues, o Rudys a posição de líder da bancada emedebista.

PARA FECHAR!

Sábado é dia de tietagem. Quase um ano depois de ter ido para o Maranhão, a grande líder da economia solidária estará em Santa Maria neste sábado. A própria Irmã Lourdes Dill informou de sua presença no Feirão Colonial. O anúncio da visita da freira coincide com a informação de que Gilberto Carvalho, ex-chefe de Gabinete de Lula, será o Secretário de Economia Solidária no Ministério do Trabalho.

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